Não sei você já percebeu, mas nosso cérebro pensa em muitas coisas sem que você o tenha solicitado a pensar.
Parece estranha essa afirmação? Então você ainda não percebeu que isso de fato acontece.
Essa é uma das teses por trás do livro “Rápido e Devagar” do psicólogo e prêmio Nobel de economia Daniel Kahneman.
Coincidentemente a mesma tese está presente em outras obras de autores que seguem pelo caminho espiritual e não estritamente científico, como Eckhart Tolle, autor de “O Poder do Agora”.
A questão é que nosso cérebro tenta padronizar ao máximo suas atividades, para consumir o mínimo de energia, porém com isso acaba ficando “preguiçoso” e, muitas vezes, “preconceituoso”, em um sentido amplo de ambos os conceitos.
Ou seja, o cérebro está sempre tentando resolver novos problemas com velhas fórmulas, baseadas e situações semelhantes por que já passamos.
O esforço do aprendizado é sempre muito grande, por isso essa tentativa de economizar energia.
Lembra-se se quando você aprendeu a dirigir, como era difícil e você precisava de grande concentração? E hoje em dia, você nem pensa mais a respeito, não é? Dirige no “automático” e consegue pensar em várias outras coisas enquanto dirige.
Essa mesma lógica vale para tudo que vivenciamos, sendo que a priori tentamos enquadrar todas as novas situações em modelos mentais já usados no passado. Isso tudo para facilitar e economizar energia. Esse é o pensar “rápido”.
Já o pensar “devagar” exige um esforço muito maior, pois efetivamente demora mais tempo e exige uma grande disciplina de nossa parte.
Uma forma de perceber que estamos no modo “rápido” quando deveríamos estar no modo “devagar” é um certo incômodo que sentimos, uma reação de mal estar que temos em relação ao nosso pensamento.
É uma nessa hora que precisamos controlar nossas reações e acionar o cérebro propositadamente para que o mesmo “pense devagar” a respeito de suas reações imediatas.
Idealmente o cérebro deveria ser acionado apenas por nossa demanda direta mas, para facilitar nossa vida cotidiana, ele muitas vezes reage de forma autônoma, o que nem sempre é bom para nós mesmos.
Até o momento, as formas mais interessantes que descobri de aumentar minha capacidade de controle do cérebro são a meditação e o jejum. Não sei se existem outras, mas essas duas têm sido bastante efetivas em reduzir minhas reações automáticas a questões que deveriam ser tratadas pelo modo “devagar” e não pelo “rápido”.
Obviamente para identificar quais questões são essas é necessário estar no modo “devagar”, já que o modo rápido tende a achar que pode resolver tudo sozinho. A meditação e o jejum nos ajudam a induzir o modo “devagar”.
É um desafio e tanto.
No fim podemos chamar todo esse processo de controle da mente, onde desconfiamos ativamente de nossas primeiras reações e não deixamos que a mente “sequestre” nossos pensamentos e sentimentos, passando a estar mais atentos ao sequestro automático.
Dessa forma, colocamos nossa mente para trabalhar mais profundamente nas questões a serem resolvidas em vez de acreditarmos em sua resposta imediata.
Victor Sebastian é Coach de Vida e Carreira.
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